
A ocupação desordenada da Amazônia compromete a qualidade dos rios, altera a quantidade de radiação solar que chega ao solo e, principalmente, compromete o maior depósito de carbono do planeta. Estes sintomas preocupantes, coletados nos últimos 20 anos, foram destrinchados em artigo publicado pela “Nature”.
Segundo o levantamento, nos anos de 2005 e 2010 a floresta deixou de cumprir sua função histórica de sequestrar gases-estufa e passou a liberá-los na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. A transformação deveu-se à estiagem que acometeu a região — e que, segundo os modelos climáticos, ocorrerá com frequência crescente.
Assinado por pesquisadores do Programa LBA (o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), o trabalho culpa o processo desordenado de expansão da fronteira agrícola por mudanças naquele ecossistema. Em partes da floresta, principalmente no Mato Grosso e no sul do Pará, os estragos causados pelo homem já seriam irreversíveis, a despeito do mecanismo de autodefesa desenvolvido pelo bioma.
— A Amazônia, ao longo de sua evolução, fez de tudo para estabilizar suas condições ecológicas — conta Paulo Artaxo, presidente do Comitê Científico internacional do LBA. — Se estiver seca demais, por exemplo, a floresta pode aumentar sua evaporação e, consequentemente, o volume de chuvas. Mas esses mecanismos têm um limite, e já teríamos chegado a esta marca em algumas áreas.
A estabilidade natural é particularmente comprometida pelas grandes estiagens, quando as queimadas aumentam a mortalidade de árvores. Vale lembrar que a vegetação do bioma guarda 100 bilhões de toneladas de carbono, o equivalente a dez anos de emissões de combustíveis fósseis. Quanto maior a flora queimada, mais gases-estufa liberados — elevando, assim, a temperatura global.
Fonte: Jornal O globo de 19 de janeiro de 2012
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