Foto de um dia normal, sem greve de garis ou atraso na coleta.
A greve de garis do Rio de Janeiro foi, sem dúvida, um mal necessário. Poucos gostam de rever conceitos ou mesmo falar sobre lixo. Mas um debate sobre resíduos sempre agrega valor à coletividade mais esquecida da atualidade: a do respeito ao que é público. E como muitos só lembram que as ruas são de todos quando, por exemplo, montanhas de lixo se acumulam pela cidade, então essa greve tem seu valor social. Mídia e redes sociais são fóruns livres para se discutir o tema e manter-se atualizado do que se pode fazer para termos uma relação melhor com os nossos restos.
Analisemos: Há cada vez mais pessoas na Terra e menos espaço para cada um, especialmente nas grandes cidades. Ao mesmo tempo nosso tempo disponível está ficando escasso, a pressa é constante. Portanto, a infra-estrutura e os serviços públicos estão sobrecarregados e as pessoas menos disponíveis para ações em prol da coletividade. As ruas cheias de lixo são o retrato fiel do que vivemos hoje em dia, independente de greve de garis. Mais pessoas, com o mesmo baixo nível de consciência ambiental, sem tempo, aliados a serviços públicos sub-dimensionados resultam em mais sujeira nas ruas, entre muitos outros problemas sócio-ambientais agravados pelo mau comportamento de cada um de nós.
Toda sociedade precisa enfrentar vários problemas para sobreviver e superá-los nos dá vivência para vencer os desafios futuros de maneira mais rápida, prática e barata. Temos aqui no Rio a oportunidade de criar nossas próprias soluções, mas também é útil aprender como outras cidades resolveram estas situações.
Em muitos casos teremos exemplos até exagerados, pois há países desenvolvidos que geram muito mais resíduos por pessoa do que o Brasil. Aqui estamos na casa do 1 kg por habitante/dia, enquanto no hemisfério norte alguns países beiram os 2 kg por habitante/dia. Com este volume diário e a crônica falta de espaço para depósitos na Europa, EUA e Japão, nada mais natural que a coleta seletiva funcione e reciclagem/processamento sejam bem desenvolvidos.
Não precisamos esperar que nossa sociedade chegue ao volume de lixo dos países desenvolvidos para adotar em larga escala as soluções de gestão e educação que eles já empregam (e que já estão em prática em algumas cidades do Brasil). O descarte de menos lixo, evitando o consumismo, reaproveitando o que for possível, fazendo compostagem doméstica e reciclando o resto trará benefícios múltiplos para a cidade que ainda pode ser modelo para o mundo. Basta responsabilidade e comprometimento coletivo. De verdade.