
Geógrafo, professor universitário, militante, defensor declarado da Baia de Guanabara e de seus mangues, Elmo da Silva Amador era uma destas pessoas emblemáticas de um movimento que busca a defesa do meio ambiente.
Catarinense de nascimento, Elmo passou a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro. Motivo da mudança: o porto na Baia de Guanabara, baia que simbolizou sua luta ambiental. Filho de pai marinheiro, a proximidade com o porto possibilitava a presença mais constante da figura paterna em casa.
A infância pobre recheada de cenas de violência na baixada fluminense levou Elmo a apurar sua forma de perceber o mundo em que estava inserido e a transformá-lo. Em entrevista ao Museu da Pessoa, Elmo relata como essa fase de sua vida o fez ser como ele o era:
“Eu passei a ver o mundo com um olhar muito crítico, de ver muita injustiça social. Marcou muito. Profundamente. Não só pela minha origem, mas eu passei a observar também o desigual, e essa desigualdade me marcou muito em termos de militância pessoal, militância social, depois mais tarde militância política, e depois a militância política ela imbrica com a militância ambiental, quer dizer, hoje, na verdade eu faço uma militância que é política e ambiental ao mesmo tempo”.
Juntou seu conhecimento acadêmico à prática da militância ambiental com maestria. Os estudos sobre a Baía de Guanabara se iniciaram no final da década de 60, e continuaram ao longo de toda a sua vida, o que gerou um envolvimento profundo, começando pela geologia, passando pelo estudo do ecossistema, de parte da história da baia e da degradação ambiental propriamente dita. Todo este conhecimento se transformou em sua tese de doutorado e, posteriormente, virou o livro “Baía de Guanabara e Ecossistemas Periféricos: Homem e Natureza”. Os seus embates em defesa da Baía o levaram a fundar a Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (Apedema) e o movimento Baía Viva.
O falecimento de Elmo, no último dia 30, representa uma perda não apenas para as lutas ambientais, mas para toda uma sociedade que precisa cada vez mais de pessoas com a percepção de mundo como a deste guerreiro.
Acesse a entrevista no Museu da Vida.