Recebemos uma carta por e-mail da Rede de ONGs da Mata Atlântica, a qual fazemos parte, e nos sentimos na obrigação de divulgar.
Prezado Senhores,
Entidades brasileiras afiliadas à UICN e uma grande rede de instituições não governamentais gostariam de trazer à sua atenção eventos recentes e preocupantes envolvendo o Parque Nacional do Iguaçu (PNI), no Estado do Paraná (Brasil), na fronteira com a Argentina, ícone mundialmente reconhecido de conservação da natureza, reconhecido pela UNESCO como um Patrimônio Natural da Humanidade desde 1986.
Apesar de tentativas anteriores de reabertura de uma controversa estrada cortando o PNI tenham levado o mesmo a ser inscrito na Lista dos Patrimônios Mundiais “Em Perigo”, a mesma proposta foi recentemente reaberta. Há um risco iminente que a reabertura da chamada “Estrada do Colono”, retomada pela vegetação desde seu fechamento pela Justiça Federal, em 2001, seja legalmente aprovada pelo Congresso Brasileiro.
O Projeto de Lei 7.123/2010, proposto pelo deputado Assis de Couto (PT/PR) estabelece a “Estrada-Parque Caminho do Colono” no Parque Nacional de Iguaçu (PNI) e está a caminho do Senado para aprovação. De acordo com a proposta, o traçado da “Estrada-Parque” seria semelhante à Estrada do Colono, uma estrada de terra com quase 18 quilômetros aberta ilegalmente em 1954, quinze anos depois da criação do PNI, e fechada oficialmente em 1986 por ameaçar à segurança nacional em um contexto de fronteira tríplice internacional.
Quando a estrada foi reaberta, o Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO inscreveu o PNI na Lista dos Patrimônios Mundiais em Perigo, em 1999, retirando-o desta lista em 2001, após o Governo Brasileiro ter assegurado que a mesma manter-se-ia definitivamente fechada. Logo, os recentes eventos estão em total contradição com este compromisso histórico e documentado.
O autor do projeto de lei e seus defensores apontam que a estrada promoverá preservação, educação ambiental e o desenvolvimento sustentável regional, enquanto estão amplamente registrados e compreendidos os impactos de estradas sobre áreas protegidas. Dados históricos não mostram quaisquer efeitos positivos da Estrada do Colono sobre a economia local, regional, estadual ou nacional.
Por isso, expressamos nosso forte repúdio a mais uma tentativa de reabertura da Estrada do Colono, devido ao comprometimento da integridade do PNI, pois a mesma cortaria ao meio o último grande remanescente de Mata Atlântica do interior do país.
Além dos impactos sobre o PNI e a natureza altamente simbólica deste caso, há riscos de consequências de maior amplitude. O projeto de lei cria uma nova categoria de Unidade de Conservação (UC) que não é prevista no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei 9.985/2000). Ou seja, pretende alterar a legislação nacional para atender interesses pontuais, afetando a conservação da biodiversidade não apenas no PNI, mas também em outras UCs. Associado a outras iniciativas no Congresso.
Em outros termos, a legislação ambiental nacional poderia ser alterada visando permitir a construção de uma estrada que não agrega valor econômico para o país num Patrimônio Mundial da Humanidade, cujas cataratas foram classificadas recentemente como uma das Sete Maravilhas Naturais no Mundo.
Este projeto de lei tramita no Congresso Brasileiro após ter evitado a sequência legal dos procedimentos com manobras políticas, visando garantir sua aprovação nos menores prazos. O autor da proposta e demais parlamentares esperam aprovar o texto nas próximas semanas.
Por fim, estamos enfrentando uma séria urgência e solicitamos sua ação para que medidas de proteção ao PNI possam ser tomadas, considerando seu status de Patrimônio Mundial e o histórico conturbado em relação à Estrada do Colono. Ficamos à disposição para eventuais esclarecimentos. Desde já agradecemos sua consideração.
Atenciosamente,
Rede de ONGs da Mata Atlântica – RMAFórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS)
SOS Mata Atlântica
Rede Verde
Adere – Associação de Desenvolvimento de Esportes Radicais e Ecologia
Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
Parque das Aves
ISA – Instituto Socioambiental
Greenpeace
Associação Alternativa Terrazul
Associação Potiguar Amigos da Natureza – Aspoan
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS
WWF-Brasil
Fundação Grupo Esquel Brasil
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