O município do Rio de Janeiro chama atenção do mundo pela sua beleza. A cidade fica localizada entre a montanha e o mar, possui um relevo rochoso, com destaque para o Pão de Açúcar, a Pedra da Gávea e o Corcovado, vistos de boa parte da cidade. O Rio, bem como toda a região metropolitana, não era composto de asfalto e cimento, mas de uma grande floresta. De fora a fora, só existia mata, a Mata Atlântica.
Mas tiramos árvore a árvore e construímos sobre seus morros. Impermeabilizamos o seu solo com asfalto e cimento, com a desculpa de que precisamos nos locomover e construir habitações. Desviamos o curso de seus rios e os assoreamos, enterramos alguns deles e aterramos boa parte de áreas que originalmente eram alagadas, diminuindo assim sua capacidade de drenagem natural. Construímos galerias pluviais que não são capazes de escoar a água de uma grande tempestade. Geramos uma quantidade monumental de lixo que ainda não é gerenciado de forma adequada. Jogamos parte dele na rua, como se fosse normal e ignoramos que este lixo vai entupir as ineficientes galerias pluviais. Sem contar que o excesso de carros estacionados nas ruas dificultam a varrição que evitaria que a sujeira entupisse os bueiros.
Armazenamos o resíduo coletado em locais inadequados, os lixões, depois os desativamos e permitimos que construam casas em cima e ao lado, como se fosse um lugar seguro para guardar a vida humana. Não satisfeitos, deixamos seres humanos morarem em encostas e áreas consideradas de risco.
Enchente revela mais problemas do que se pode ver
Todo verão com fortes chuvas, combinadas com toda a transformação que fizemos no solo da cidade e as próprias condições naturais do mesmo, traz com a enchente uma série de problemas que a cidade do Rio de Janeiro teima em esconder por décadas. Essa quantidade extraordinária de chuva em um curto período de tempo faz com que a região metropolitana do Rio de Janeiro entre em colapso sempre.
E o preço pago pela falta de políticas públicas adequadas à ocupação correta do solo da região metropolitana é muito alto. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco, e é justamente a população mais pobre da cidade que sofre as maiores conseqüências. É comum termos milhares de desabrigados e gente que perde tudo que conquistou ao longo da vida. E há muitas pessoas ainda morando em áreas de risco. Risco de perdas materiais e, principalmente de vidas. Em 2010 a tragédia ceifou as vidas de 229 pessoas.
A complexidade da cidade precisa ser apreendida pela administração pública e pela sociedade. Cabe ao poder público gerenciar os recursos públicos buscando o que é melhor para todos os habitantes. Cabe à sociedade fiscalizar e assegurar que o governo está cumprindo bem o seu papel. Que toda a sociedade, cidadãos e governantes, não se esqueçam de suas responsabilidades para que não precisemos rever as cenas de catástrofe nunca mais.
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