O caos provocado pelas enchentes na região metropolitana do Rio de Janeiro e que colocaram as questões ambientais, mais uma vez, na mídia deflagraram um outro problema: nem sempre as pessoas, especialmente os jornalistas, estão familiarizadas com os conceitos ambientais.
Constatamos frequentemente uma confusão geral sobre alguns destes conceitos, como os exemplos assinalados abaixo:
Lixão sendo tratado como se fosse aterro controlado ou sanitário.
Conflito entre os termos aterro controlado e aterro sanitário, assim como reaproveitamento e reciclagem.
O termo “lixão irregular” é utilizado como se existissem lixões regulamentados.
Plástico oxi-biodegradável e biodegradável não são sinônimos.
Relatos de pessoas que participam da coleta seletiva como se elas fizessem de fato a reciclagem. Na verdade, a coleta seletiva é uma etapa do processo de reciclagem, e não a reciclagem em si.
Para um melhor entendimento destes termos, estamos colocando abaixo algumas definições da bióloga Patrícia Mousinho disponíveis no livro Meio Ambiente no Século 21, organizado pelo jornalista André Trigueiro e uma do site da Recicloteca.
Inicialmente, vamos apresentar os significados das palavras lixo, lixão, aterro controlado e aterro sanitário.
Lixo ou Resíduo Sólido – Qualquer material resultante de atividades humanas descartado ou rejeitado por ser considerado inútil ou sem valor. Pode estar em estado sólido ou semi-sólido e ser classificado de acordo com a sua composição química (orgânico ou inorgânico), sua fonte geradora (residencial, comercial, industrial, agrícola, de serviço de saúde etc.) e seus riscos potenciais ao ambiente (perigosos, inertes e não inertes). (Meio Ambiente no Século 21).
Lixão – Forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, em que o lixo é depositado diretamente no solo, sem qualquer técnica ou medida de controle, com sérios impactos ao ambiente e à saúde humana. Dentre os impactos causados estão a proliferação de vetores de doenças (mosca, mosquitos, ratos etc.), a geração de odores desagradáveis e a contaminação do solo e das águas pelo chorume. Os riscos de contaminação são agravados pelo desconhecimento da origem do material descartado, podendo estar presentes resíduos perigosos. (Meio Ambiente no Século 21).
Aterro controlado – Para tentar amenizar os depósitos a céu aberto foi criada a categoria de aterro controlado. Na realidade a nomenclatura mais adequada seria “lixão controlado”. Neste sistema, há uma contenção do lixo que, depois de lançado no depósito, é coberto por uma camada de terra. Esta forma de disposição minimiza o mau cheiro e o impacto visual, porém, não dispõe de impermeabilização de base (contaminando o solo e o lençol d’água) nem de sistema de tratamento do chorume ou do biogás. (Recicloteca)
Vale a pena assistir o vídeo abaixo e ver um lixão que virou um aterro controlado. Neste caso, a nomenclatura “lixão controlado” é muito mais que verdadeira.
Aterro sanitário – Forma de disposição final de resíduos sólidos que oferece um conjunto de normas operacionais e critérios técnicos de modo a evitar riscos à saúde pública e ao ambiente. Os resíduos são depositados em terrenos impermeabilizados e a seguir compactados e recobertos por camadas de terra. Deve haver dispositivos para drenagem superficial de água, captação e tratamento de chorume (liquido de alto potencial poluidor proveniente da decomposição da matéria orgânica presente no lixo) e captação e tratamento de gases provenientes da decomposição do lixo (principalmente metano e dióxido de carbono). Um aterro sanitário deve contar com monitoramento ambiental e geotécnico permanente, além de um plano de encerramento de suas atividades. (Meio Ambiente no Século 21).
Esses conceitos representam apenas um pequeno universo de tudo o que o leitor pode buscar de informações.
Mais definições nas próximas mensagens.
Se quiser saber mais sobre o assunto “lixo”, acesse a seção Inicio de Conversa no site da Recicloteca.
Veja também o blog do jornalista André Trigueiro: Mundo sustentável
Dados do livro:
TRIGUEIRO, André (org.). Meio Ambiente no Século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.