Ações de limpeza de praia se multiplicam mundo afora e no Brasil, com seu imenso litoral de 8000 km não poderia ser diferente. Ainda que a limpeza de praia seja realizada com a melhor das intenções, seria mesmo a melhor forma de combater o problema? Como prática de educação ambiental é uma iniciativa válida ou tende apenas a ser uma forma de se fazer o que poder público não consegue? Vamos analisar os prós e os contras de mutirões de limpeza de praia.
A praia é uma das áreas de lazer mais democráticas. Esse limite geográfico entre a terra e o mar exerce um fascínio especial nas pessoas e mescla inúmeras atividades de lazer e esporte, passando pela economia e geração de emprego pelo turismo. Mas infelizmente não parece inspirar respeito ou mesmo responsabilidade em grande parte dos que moram, trabalham ou simplesmente frequentam as praias brasileiras. Esgoto e lixo se revezam como mazelas que nós produzimos e que mais detonam as praias no Brasil e mundo afora.
Mas, assim como há os que desprezam a natureza generosa, existem muitas pessoas preocupadas e dispostas a arregaçar as mangas para limpar a sujeira nos mutirões. E há quem prefira investir em educação ambiental de longo prazo com o objetivo de mudar (ou criar) a consciência ambiental de um modo geral.
Limpeza de praia em forma de mutirão como prática sensibilizadora
Se por um lado o mutirão de limpeza de praia é realizado durante um dia apenas e o volume de lixo recolhido estará lá na praia de novo em alguns dias, por outro lado o envolvimento de pessoas nessa ação, em especial crianças e adolescentes, pode ser marcante e motivar o envolvimento em outras práticas de sustentabilidade. Sem contar que a mídia costuma cobrir os mutirões e expõe a vergonhosa sujeira que os banhistas deixam para trás. Para algumas pessoas pode ser o bastante para se envolver na próxima limpeza de praia ou mudar os próprios hábitos ao curtir uma boa praia.
Há entretanto que se tomar alguns cuidados com os mutirões de limpeza de praia. Idealmente o poder público deve estar envolvido de alguma forma, tanto pela sua responsabilidade constitucional de limpeza pública, quanto para evitar que o próprio se abstenha da discussão e envolvimento com a solução para a raiz do problema. Também é fundamental que o material recolhido seja adequadamente triado, possivelmente estudado e destinado para a coleta seletiva.
Melhor que limpar é evitar que se suje
Já a educação ambiental vai bem mais fundo na questão e em relação ao lixo pode ajudar a multiplicar cidadãos conscientes que não sujam as praias, nem as matas, ruas, parques, ônibus etc. Ou seja, ao invés do cidadão se mobilizar apenas na praia ele é um agente modificador da realidade onde quer que ele esteja. A questão é que são raros os bons projetos de educação ambiental, com estrutura, qualidade, volume de pessoas envolvidas e continuidade. Educação ambiental sem continuidade não nos leva ao patamar de mudança de consciência coletiva de amplo espectro.
Na realidade as duas formas de lidar com esse problema devem se complementar. De ações de curto prazo e alto impacto midiático ao trabalho mais sutil e de longa duração, o importante é que as duas formas sejam muito praticadas, com alcance e periodicidade cada vez maiores. Pois quando se trata de reduzir um dos maiores impactos ambientais causados diretamente por pessoas comuns, todos os esforços valem a pena mesmo que um seja mais eficiente que o outro. Não há mais tempo para competições e disputas de qualquer tipo quando se trata de defender o ambiente em que vivemos.
Claro que apenas o engajamento da população em ações pontuais ou de longa duração não fará todo o serviço, é imprescindível que os gestores e legisladores se envolvam com aprovação e aplicação de políticas públicas eficientes. E de novo o cidadão pode exercer sua influência escolhendo com sabedoria quem será eleito para os cargos públicos.
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