Em 2010, após cerca de 15 anos de discussão em Brasília, o Brasil aprovou a Política Nacional de Resíduos Sólidos que serve de base para mudar o panorama antiquado do sistema de coleta e armazenamento de lixo deste País de dimensões continentais. Política e legalmente foi o maior avanço concreto no sentido de levar o Brasil para o século XXI no gerenciamento de resíduos. O que poucos imaginavam é que demoraria tanto tempo para virar realidade e a cena abaixo ainda persiste nos mais de 3 mil lixões que ainda operam no Brasil.
Mas por que um avanço tão importante, contemplado por uma legislação federal moderna, com responsabilidades, prazos e sanções definidas, caminha tão lentamente? A resposta talvez esteja nas imagens de catadores trabalhando nos depósitos de lixo como as que foram feitas por Paula Fróes no Lixão de Brasília (veja neste post e na matéria do G1). Apesar de ser chocante ver pessoas chafurdando em toneladas de lixo fedorento, arriscando a saúde e até a vida em troca de medíocres R$ 30,00 por dia de árduo trabalho uma constatação cruel é inquestionável: lixão é normal.
A sociedade em geral não se sensibiliza com algumas (muitas) pessoas catando sobras na imundice pois inconscientemente é mais importante o serviço de desaparecimento mágico que a lixeira faz. O que acontece depois com os restos não interessa, não nos diz respeito e assim estagnamos no século XVIII.
E piora! Como é um serviço público caro e complexo que não importa a quase ninguém, os ‘urubus’ da gestão pública e do empresariado se valem de seus expedientes imorais, gananciosos e corruptos para lesar os cofres públicos com cartéis e contratos descaradamente ilícitos para enriquecer às custas de toda uma nação de geradores de lixo que estão cegos, surdos e mudos. Nesta perspectiva a situação dos catadores é ainda mais ignorada.
Em 2017 o Ministério do Planejamento acabou com um programa de apoio para que os municípios construam seus próprios aterros sanitários.
O lixão de Jardim Gramacho, fechado em 2012 foi um ícone inglório dessa mazela nacional, mas não foi o único e nem o último a derramar sobre nós a vergonha de conviver com esses depósitos de lixo.
Já conhecemos as ferramentas e exemplos práticos de sua aplicação: Educação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável, Coleta Seletiva, Agenda 21, Programa Integrado de Gestão de Resíduos Sólidos, Saneamento Básico, Aterro Sanitário, 3 Rs, Consumo Consciente entre muitos outros. Juntos podem elevar uma cidade à sua definição real de espaço urbano coletivo, com princípios de justiça, igualdade e sustentabilidade. E é urgente concretizar essa mudança.
Por uma questão de consciência já passou da hora de sair do discurso e mergulhar na prática, pois a história não perdoa. Nossos filhos e netos vão saber o que fizemos e o que deixamos de fazer para evoluir em cidadania global e respeito básico aos direitos humanos. Hoje, como está, não temos do que nos orgulhar.
ATUALIZAÇÃO:
Lixão da Estrutural é fechado em janeiro de 2018, oito anos após a lei que determina o fechamento. Veja matéria completa AQUI.
Conheça a realidade do Lixão da Estrutural em Reportagem especial da TV Brasil no programa Caminhos da Reportagem:
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