Recebemos esta manhã um interessante texto escrito por um jornalista e correspondente de Ciência e Ecologia, Norbert Suchanek.
Quão importante é vermos a face mais cruel do nosso consumo e consumismo. Pessoas existem para viver e, portanto, temos diante da nossa rotina (consumista) o desperdício gerando pobreza. A pobreza que está transfigurada em produção (energia, matéria-prima etc) de itens que por muitas vezes servem apenas para dar mais visibilidade ao produto na gôndola e retornam às nossas gôndolas sem enxergarmos a degradação humana que podem exercer.
O texto intitulado “Os Homens e Mulheres que salvam o Mundo” nos dá a certeza que concordamos plenamente, catadores são peças indispensáveis para o fundamental gerenciamento público da limpeza das grandes cidades e a correta destinação dos recicláveis [nossas embalagens sem serventia].
Catador, essa mão de obra qualificada, que de maneira empírica transforma resíduos sem qualidade em insumos/matéria-prima para as empresas e a indústria da reciclagem e presta o serviço a cada cidadão de dar destino ao que não nos serve mais.
Não seremos românticos em afirmar que a categoria [regulamentada pelo M.T.E.] vislumbra a qualificação social e a melhoria ambiental das cidades, fazem por enxergar de forma pioneira – mesmo que inconsciente, pois o fazem por subsistência – que os recursos naturais são infinitos e sequer estarão disponíveis por toda uma vida, portanto, valorando AGORA aquilo que, por vezes os faltam e, poderá nos faltar depois.
O texto, de excelente abordagem do assunto, traz a realidade dos usos confusos de definições e termos comuns aos cidadãos dessas mesmas cidades, tão produtoras de lixo e recicláveis. Esta confusão de termos que laboriosamente temos tentado corrigir, por entender que continuar a usá-los desvaloriza a categoria, o material de trabalho e não traz à luz os 21 anos de tramitação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), atrapalhando a forma continua desta ocupação. Catadores não são mendigos, nem moradores de rua; moradores de rua é que, por vezes, se utilizam dessa catação para sobreviverem. Confundir termos como lixo com recicláveis; mendigo=morador de rua, com catador é continuar a dar menos valor ao material e a forma de trabalho desses operários.
Os Homens e Mulheres que Salvam o Mundo, por Norbert Suchanek
Publicado em setembro 15, 2015 por EcoDebate
“Estes homens e mulheres salvam o mundo a cada dia: Os carroceiros, catadores e papeleiros, também conhecidos como “burros sem rabos”.
Sem eles e elas as mega-cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo podem sofrer um colapso. Estes cidadãos transportam toneladas de mercadorias, fretes e lixo seletivo todos os dias, sem gastar qualquer energia fóssil e sem liberar substâncias tóxicas ou cancerígenas no ar, como os caminhões, carros ou motos fazem. Além disso estes homens e mulheres contribuem enormemente para limpar a cidade, recolhendo as resíduos recicláveis, especialmente latinhas e papel. Para completar, muitos deles vivem nas ruas, dormem embaixo de uma marquise, de uma árvore ou de um elevado.
Por enquanto não tem dados exatos sobre o número de moradores de rua e de carroceiros ou catadores no Rio de Janeiro. Mas, segundo o censo feito em 2013 pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), cerca de 5.600 pessoas viviam nas ruas da Cidade do Rio, destas 374 eram crianças. Um outro estudo no ano de 2007, entrevistou 1932 moradores de rua e revelou que 78 porcento dos mendigos são homens.
Agora em abril de 2015, a SMDS anunciou, que até março de 2016, a cidade maravilhosa não terá mais nenhum morador de rua e estará preparada para os Jogos Olímpicos. O secretário e vice-prefeito Adilson Pires informou que quatro abrigos serão construídos na Mangueira, Vila Isabel, Ilha do Governador e Bonsucesso, com a geração de 700 novas vagas. Além dessas medidas, haverá o remodelamento da rede de acolhimento que hoje conta com 1.600 vagas próprias e 600 conveniadas.
Até agora também não tem um número exato de quantos carroceiros ou catadores de latinhas trabalham e vivem na Cidade Maravilhosa. Mas, em 2014, foi criado no Rio de Janeiro o website “www.burrosemrabo.com.br” para apoiar o trabalho dos carroceiros. Neste projeto foram cadastrados 150 “burros sem rabos” por enquanto.
Norbert Suchanek, Rio de Janeiro, www.norbertsuchanek.org
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