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Alimentos Orgânicos e Seus Principais Cuidados

– Por Gustavo Pinheiro Machado –

 

Desde a formação do nosso país, parte da população mantém o hábito de cultivar legumes e verduras de maneira natural no quintal de casa, o que hoje chamamos de alimentos orgânicos. Em muitos casos a criação de pequenos animais também continua sendo praticada. Estas atividades, de um cunho inicialmente rural, migraram para as cidades junto com o crescimento da urbanização no Brasil.

Enquanto isso, nos anos de 1950, houve o inicio de uma ação contra a fome no planeta. A iniciativa partiu de países desenvolvidos, principalmente nos EUA e alguns países europeus. A ideia era aumentar a produção agrícola exponencialmente para se ter abundância de alimentos. O movimento foi chamado de “revolução verde”. A moda pegou e foram adotados diversos métodos para o crescimento da produção. Os defensivos agrícolas sintéticos (hoje chamados agrotóxicos) entraram em voga e junto com o combate às pragas vieram a contaminação e a intoxicação dos alimentos.

alimentos orgânicos

Desta forma, uma nova realidade se estabeleceu no cenário agrícola: os alimentos que deveriam ser saudáveis eram vendidos como tal, mas não correspondiam à propaganda. O preço acessível e a abundância de opções nas feiras e nos mercados passaram a interferir na extinção das hortas residenciais de consumo próprio.

Os grandes produtores brasileiros, com o passar das décadas, se encaixaram nesse modelo de produção em larga escala e este cenário se estabelece até os dias de hoje. Atualmente vemos bancadas de supermercados lotadas de legumes e verduras que comprometem a saúde de quem consome.

alimentos orgânicos

O objetivo inicial da chamada revolução verde não se realizou na prática. Em uma cultivo que se usa agrotóxicos, a aplicação de produtos químicos deve ser expandida periodicamente, pois os insetos se tornam resistentes aos venenos. Além disso, segundo pesquisas do IBGE de 2014, 7,2 milhões de pessoas ainda passam fome no país. A pesquisa do IFPRI aponta que pelo menos 1 bilhão de pessoas sofrem de desnutrição no planeta e que metade dos

afetados são crianças. A produção desenfreada de alimentos com elevados teores químicos não se mostrou a solução adequada. Para tentarmos nos desfazer deste hábito de contaminação na mesa de jantar, é urgente que se estimule a iniciativa da produção orgânica novamente.

A Definição de Produção de Alimentos Orgânicos e seus Benefícios

No senso comum, muitos associam os alimentos orgânicos apenas ao modo de produção – uso da terra adubada naturalmente e se necessário com defensivos agrícolas naturais, gerando alimentos livres de venenos. Esse é um equívoco mais normal cometido pela população. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), uma produção agrícola orgânica é caracterizada não só pelo cultivo in natura do produto, mas também pelo cumprimento das leis trabalhistas e do terreno em questão. Desta forma há a garantia da segurança legal dos trabalhadores que manipulam a terra. Não só isso, mas também há a manutenção da saúde de quem maneja, pois não ocorre o contato com venenos.

Desmistificando as ‘Feirinhas de Alimentos Orgânicos’

Em Janeiro de 2016 o programa do fantástico, da Rede Globo, divulgou uma matéria sobre feirantes que se passam por produtores orgânicos. A revelação é assustadora, visto que muitos dos feirantes, divulgados como produtores orgânicos, foram desmascarados após testes em laboratórios. Como o problema se mostrou recorrente nos últimos meses, a recomendação do Ministério da agricultura é de que os consumidores confiem no selo do produto orgânico. Qualquer produto que tenha o selo orgânico, foi devidamente fiscalizado por um órgão competente. É normal encontra-los nos supermercados.

alimentos orgânicos

Devemos tomar muito cuidado com os não-orgânicos. Uma recente pesquisa da ANVISA aponta para os alimentos com maior taxa de pesticidas. São eles: morango, tomate, pimentão verde e uvas em geral. A recomendação adequada é procurar os alimentos que tenham o selo de orgânicos. O valor do produto é mais caro, mas isenta o consumidor dos malefícios da ingestão de substâncias que prejudicam a saúde.

Outra opção viável, se as finanças não andam bem, com pouco espaço em casa é possível um cultivo de alimentos a partir da compostagem. Com uma caixa de plástico para escritório ou com as gavetas de madeira já consagradas, pode-se obter (com sobras de vegetais e frutas não manipulados) uma terra preta e fértil. Desta forma é possível cultivar uma mini plantação de alimentos orgânicos para consumo próprio. O produto selecionado para se servir na mesa carrega um peso na saúde da família. Não deixe de procurar sempre as melhores opções, ajudando não só na saúde de quem consome, mas também da terra e do bom funcionamento de todos os meios de produção.

Fontes:

Matéria do Fantástico

Dados sobre fome no Mundo

Dados sobre fome no Brasil 

Saiba mais:

Orgânicos: definição, composto e como fazer a compostagem

Do Produtor ao Consumidor – como comprar Orgânicos no Rio de Janeiro.

– Por Gustavo Pinheiro Machado –

Gustavo é geógrafo pela UFRRJ e formando em Gestão Ambiental pela UFRJ. Se interessa pelas questões e soluções ambientais e atualmente trabalha como voluntário na Ecomarapendi Recicloteca.


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