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A sustentabilidade está à venda – Parte 1

As agências de propaganda utilizam, com uma freqüência cada vez maior, expressões como “ecológico” e “sustentável” em suas peças publicitárias. As empresas, que por sua vez contratam estas agências, tentam conquistar os consumidores mais preocupados com o impacto de suas ações sobre o planeta. As embalagens trazem informações de que aquele produto é ambientalmente correto. Com isso, têm-se cada vez mais empresas e produtos ditos “verdes” no mercado.

Mas, afinal, esses produtos são realmente sustentáveis ou ambientalmente corretos? O que significa um produto ser sustentável?

Prezando pela ética no mercado da propaganda, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) quer entender e regular esta questão.

Campanha do site CicloVivo

Mas, enquanto o Conar não chega a uma conclusão sobre a utilização do conceito de “sustentabilidade” na propaganda, o que nós, consumidores, podemos fazer com relação a esses produtos descritos como “ambientalmente corretos”? Eles são realmente produtos menos impactantes para o ambiente? Como balizar melhor nossas escolhas?

Alguns critérios podem nos ajudar.
Mas antes, precisamos entender o que significa sustentabilidade.

Esta palavra, que tem a mesma raiz etimológica dos termos sustentar, sustento, sustentação, sustentável, sustentáculo, nos remete a idéia de conservar, manter. Entretanto, precisamos questionar: conservar e manter o que e para quem? Talvez, a definição da expressão desenvolvimento sustentável possa nos auxiliar a refletir melhor sobre esta pergunta.

Para entendermos melhor este conceito, trazemos a definição do livro Meio Ambiente no Século 21, do jornalista André Trigueiro, cunhada pela bióloga Patrícia Mousinho. Este poderá nos auxiliar a perceber melhor o seu uso e todo o conflito por ele gerado.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

“Novo modelo de desenvolvimento, em processo de construção, que surge no final do século 20 como resposta ao esgotamento de um modelo que o relatório brasileiro para a Rio – 92 descreve como ‘ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto’. Requer um horizonte de planejamento que vai além das necessidades e aspirações das populações atuais e exige, de imediato, a integração das questões ambientais, sociais e econômicas.

A adoção de um ponto de vista multigeracional no cuidado com o capital natural e a imposição de limites ao crescimento foram idéias amadurecidas no decorrer do século passado, culminando em 1987 na definição clássica de desenvolvimento sustentável enunciada no Relatório Brundtland, onde este é apresentado como o ‘desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades’.

Se inicialmente o desenvolvimento sustentável pretendia ser abrangente ao englobar não apenas aspectos econômicos, mas também sociais e ambientais, hoje esta perspectiva é bastante mais ampla, e a noção de sustentabilidade adotada pela Agenda 21 Brasileira incorpora as dimensões ecológica, ambiental, social, política, econômica, demográfica, cultural, institucional e espacial.

Trata-se de um conceito cuja definição suscita muitos conflitos e mal-entendidos, refletindo as diferentes visões de mundo dos diversos atores envolvidos no debate. Muitas vezes é enfocado numa visão reformista, de reafirmação do modelo atual, apenas com melhor gerenciamento dos custos sociais e ambientais e sem incorporar a participação pública.

Apesar de dar margem a múltiplas interpretações, o conceito de desenvolvimento sustentável tem se mantido em cena, e as disputas teóricas que provoca contribuem para ampliar e aprofundar a compreensão sobre a questão ambiental”.

Apesar de toda a dificuldade que envolve o entendimento deste conceito, ele foi rapidamente banalizado e apropriado por empresas, governo e sociedade civil.

E como dá margem a múltiplas interpretações, qual é a utilizada por cada um destes atores sociais? O que uma empresa quer dizer quando coloca na embalagem do seu produto que ele é sustentável? Ou que é uma empresa que “cuida do planeta”? É para discutir este ponto que a participação de toda a sociedade torna-se cada vez mais imprescindível.

Mas, voltando a nossa questão: o que nós, consumidores, podemos fazer no ato da compra para sermos mais responsáveis com o ambiente que vivemos?
O primeiro passo já fizemos, que é entender o conceito.

Amanhã, continuaremos este papo!

Saiba mais:
Agenda 21 Brasileira
Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar)
Livro Meio Ambiente no Século 21, do jornalista André Trigueiro.

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